CAVALO DE TRÓIA PETISTA
Nunca fui filiado ao PT, mas sempre votei nos seus candidatos em todas as eleições de Lula e as duas que elegeram a Presidenta Dilma, unindo voto ideológico e a crença no seu Projeto Político do Partido dos Trabalhadores. Não tinha nem tenho e não terei esta obrigação pois nunca militei nesta agremiação partidária, aliás, sou mais fiel do que muitos “petistas” Brasil a fora. O resultado das eleições de 20014 não deve ser comparado ao pleito de 1989, naquele havia um projeto embrionário que trazia esperanças ao povo brasileiro e fazia a direita estremecer, portanto, o embate era pelas mudanças ou a permanência dos grilhões de cinco séculos de domínio retrógrado
Minado por denúncias de escândalos de corrupção, sofrendo a segunda maior aberração jurídica da história do Brasil – a primeira foi o caso Naves – o PT partiu para a disputa para o quarto mandato ao Palácio do Planalto. Durante a campanha o Partido dos Trabalhadores teve suas vísceras expostas como um animal abatido e esquartejado, mesmo assim saiu – se vitorioso das urnas, todavia com marcas indeléveis, perdeu assento nas duas Casas do Congresso Nacional, mas sai fortalecido, apoiado pelo o voto da maioria dos brasileiros que ainda acreditam e tem esperanças de uma nação melhor, e ver no PT esta esperança.
Saradas as feridas, urge a necessidade do PT fazer uma autorreflexão, é preciso que o Partido volte as suas origens, foi assim que conquistou o seu primeiro mandato para a Presidência da República, com seu diferencial fez história, com seu DNA tornou – se o Partido da esperança, seu projeto político venceu o medo plantado pela maioria dos seguimentos retrógrados de uma parte da elite oportunista deste país regado por uma mídia sectária sem compromissos com a ética.
Não há tempo a perder, é preciso que os dirigentes se desapeguem do comodismo arregacem as mangas e chamem os diretórios regionais que por sua vez convocarão os municipais para uma conversa tete a tete, caso isto não aconteça, o perigo de uma deterioração interna é iminente e fatídica para a instituição Partido dos Trabalhadores.
Antes o PT era criterioso na escolha dos seus filiados, tinha a filosofia de só admitir os que liam o estatuto do partido e concordassem com suas diretrizes. Os seminários eram constantes para a formação política da militância. Hoje o partido busca quantidade, admitindo qualquer um que busque uma sigla para abrigar uma candidatura ou tentem tirar proveitos do poder que o partido detém nestes últimos anos, e isto vem corroendo os alicerces partidários, contribuindo para a banalização do que antes se propunha ser diferente.
As consequências da última disputa para cargos regionais e principalmente para a reeleição da Presidenta Dilma não podem ser consideradas como irrelevantes caso o Partido do Trabalhadores pense em continuar como um das maiores forças políticas do Brasil, caso contrário este projeto político pode ruir fragorosamente. Para evitar isto é necessário uma autocrítica, sem continuar no pedestal dado a efemeridade do poder.
Ao admitir nos seus quadros pessoas que não se identificam com a ideologia do partido, o PT criou seu cavalo de troia, e quase sai derrotado por um projeto vazio que tinha como bandeira a cólera, absorvida de uma elite de extrema direita, que prega o caos total do país como se isto fosse a solução para os problemas que os antepassados destes mesmos deixaram como herança maldita por longos quinhentos anos.
Portanto, não há tempo a perder, é preciso da uma freada de arrumação para que as coisas se encaixem e voltem a o seu lugar, sem isto o projeto político do Partido está ameaçado e com a colaboração do fogo amigo pode se tornar cinzas.
Geraldo Gama
Pedagogo, Especialista em Gestão Pública