Um estudo divulgado pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revelou que as riquezas
produzidas pela exploração do minério em Marabá,
no sudeste do Pará, não chegam em forma de benefícios para população. Apesar da
grande arrecadação com o projeto Salobo, os moradores sofrem com falta de
infraestrutura.
A dona
de casa Maria da Conceição Santos divide a casa pequena, de madeira, com seis
filhos pequenos, em uma área de invasão na periferia de Marabá. Ela conta que
o marido veio do Maranhão para Marabá com uma promessa de emprego.
No início do ano, ele contraiu uma doença e morreu aos 41 anos, e então ela se
viu sozinha na missão de criar os filhos.
“Eu não
tenho nada, não tenho emprego, vivo da ajuda do povo”, conta a dona de casa
Maria da Conceição. A realidade dela é semelhante a de outras pessoas que
procuraram a cidade em busca de oportunidades e melhor qualidade de vida.
Marabá
é um município onde está um dos maiores projetos de extração de cobre do país,
o Salobo. Somente nos seis primeiros meses de 2015, o projeto extraiu 74 mil
toneladas de minério, ultrapassando Canaã dos Carajás, também na região
sudeste, que somava 57 mil toneladas. A previsão é que até dezembro, com a
extração do minério, a prefeitura arrecade algo em torno de R$ 38 milhões e o
município se consolide como um dos maiores mineradores do país.
“Marabá
ganhou em um quesito muito forte, ele não teve os impactos sociais que um
grande projeto deixa na comunidade, e absorveu nos dois momentos de
arrecadação. Um primeiro momento configurado pelo ISS, a taxa de
construção, de licenciamentos, que Marabá foi o grande beneficiado, e O ISS que
foi a grande receita durante a implantação”, explica Ítalo Pojucam, presidente
da Associação Comercial de Marabá.
Somente
no mês de julho o município recebeu mais de R$ 4,5 milhões em compensação
financeira pela exploração mineral, referente à extração de minério do mês. Mas
se a produção do cobre contribui com a mudança na balança comercial brasileira,
por outro, a cidade acumula problemas.
No
início do mês, um estudo divulgado pelo Ipea com base no Atlas da
Vulnerabilidade Social indica que a produção de riqueza no município está bem
distante de grande parte da população. A falta de saneamento básico, má
distribuição de renda e invasões em áreas urbanas mostram a precariedade do
desenvolvimento.
No
bairro onde Conceição mora, por exemplo, vivem aproximadamente duas mil
famílias com problemas parecidos com os dela. “Nós precisamos de asfalto,
segurança, escola, posto de saúde, que não tem. A gente precisa”, afirma
Conceição.
Fonte:
G1