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Em conversa gravada, Renan
defende mudar lei da delação premiada.
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Eduardo
Anizelli/Folhapress
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O presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL)
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RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
25/05/2016 02h00 -
Atualizado às 07h32
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O presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse em conversa gravada pelo ex-presidente
da Transpetro Sérgio Machado que apoia uma mudança na lei que trata da delação
premiada de forma a impedir que um preso se torne delator -procedimento central
utilizado pela Operação Lava Jato.
Renan sugeriu que,
após enfrentar esse assunto, também poderia "negociar" com membros do
STF (Supremo Tribunal Federal) "a transição" de Dilma Rousseff,
presidente hoje afastada.
Machado e Renan são
alvos da Lava Jato. Desde março, temendo ser preso, Machado gravou pelo menos
duas conversas entre ambos. A reportagem obteve os áudios. Machado negocia um
acordo de delação premiada.
Ele também gravou o senador
Romero Jucá (PMDB-RR), empossado ministro do Planejamento no governo
Michel Temer. A revelação das conversas pelaFolha na segunda (23)
levou à exoneração de Jucá.
Em um dos diálogos
com Renan, Machado sugeriu "um pacto", que seria "passar uma
borracha no Brasil". Renan responde: "antes de passar a borracha,
precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro,
não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você
regulamenta a delação".
A mudança defendida
pelo peemedebista, se efetivada, poderia beneficiar Machado. Ele procurou Jucá,
Renan e o ex-presidente José Sarney (PMDB) porque temia ser preso e virar réu
colaborador.
"Ele está
querendo me seduzir, porra. [...] Mandando recado", disse Machado a Renan
em referência ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Renan, na conversa,
também ataca decisão do STF tomada
ano passado, de manter uma pessoa presa após a sua segunda condenação.
O presidente do
Senado também fala em negociar a transição com membros do STF, embora o áudio
não permita estabelecer com precisão o que ele pretende.
Machado, para quem os
ministros "têm que estar juntos", quis saber por que Dilma não
"negocia" com os membros do Supremo. Renan respondeu: "Porque
todos estão putos com ela".
Para Renan, os
políticos todos "estão com medo" da Lava Jato. "Aécio [Neves,
presidente do PSDB] está com medo. [me procurou] 'Renan, queria que você visse
para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa'", contou
Renan, em referência à delação de
Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), que fazia citação ao tucano.
Renan disse que uma
delação da empreiteira Odebrecht "vai mostrar as contas", em provável
referência à campanha eleitoral de Dilma. Machado respondeu que "não
escapa ninguém de nenhum partido". "Do Congresso, se sobrar cinco ou
seis, é muito. Governador, nenhum."
O peemedebista
manifestou contrariedade ao saber, pelo senador Jader Barbalho (PMDB-PA), que o
presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), esteve com Michel Temer
em março.
Em
dois pontos das conversas, Renan e Machado falam sobre contatos do senador e de
Dilma com a mídia, citando o diretor de Redação da Folha, Otavio
Frias Filho, e o vice-presidente Institucional e Editorial do Grupo Globo, João
Roberto Marinho. Renan diz que Frias reconheceu "exageros" na
cobertura da Lava Jato e diz que Marinho afirmou a Dilma que havia um
"efeito manada" contra seu governo.
OUTRO LADO
Por
meio de sua assessoria, o presidente do Senado informou que os "diálogos
não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer menção ou tentativa de
interferir na Lava Jato ou soluções anômalas. E não seria o caso porque nada
vai interferir nas investigações."
Segundo
a assessoria, "todas as opiniões do senador foram publicamente noticiadas
pelos veículos de comunicação, como as críticas ao ex-presidente da Câmara, a
possibilidade de alterar a lei de delações para, por exemplo, agravar as penas
de delações não confirmadas e as notícias sobre delações de empreiteiras foram
fartamente veiculadas".
"Em
relação ao senador Aécio Neves, o senador Renan Calheiros se desculpa porque se
expressou inadequadamente. Ele se referia a um contato do senador mineiro que
expressava indignação –e não medo– com a citação do ex-senador Delcídio do
Amaral."
A
nota diz ainda que "o senador Renan Calheiros tem por hábito receber todos
aqueles que o procuram. Nas conversas que mantém habitualmente defende com
frequência pontos de vista e impressões sobre o quadro. Todas os pontos de
vista, evidentemente, dentro da Lei e da Constituição".
A
assessoria do STF informou que o presidente do tribunal, Ricardo Lewandowski,
"jamais manteve conversas sobre supostas 'transição' ou 'mudanças na
legislação penal' com as pessoas citadas", isto é, Renan Calheiros e
Sérgio Machado.
Segundo
a nota, o STF "mantém relacionamento institucional com os demais
Poderes" e o ministro Lewandowski "participou de diversos encontros,
constantes de agenda pública, com integrantes do Poder Executivo para tratar do
Orçamento do Judiciário e do reajuste dos salários de servidores e
magistrados".
Também
por meio de nota, a Executiva Nacional do PSDB informou que vai "acionar
na Justiça" o ex-presidente da Transpetro. A sigla diz ser
"inaceitável essa reiterada tentativa de acusar sem provas em busca de
conseguir benefícios de uma delação premiada".
"Fica
cada vez mais clara a tentativa deliberada e criminosa do senhor Sérgio Machado
de envolver em suspeições o PSDB e o nome do senador Aécio Neves, em especial,
sem apontar um único fato que as justifique. As gravações se limitam a
reproduzir comentários feitos pelo próprio autor, com o objetivo específico de
serem gravados e divulgados."
"Sobre
a referência ao diálogo entre os senadores Aécio Neves e Renan Calheiros, o
senador Aécio manifestou a ele o que já havia manifestado publicamente inúmeras
vezes: a sua indignação com as falsas citações feitas ao seu nome."
Sérgio
Machado não é localizado desde a semana passada.
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OUÇA E LEIA TRECHOS DOS DIÁLOGOS
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Primeira
conversa:
SÉRGIO MACHADO - Agora,
Renan, a situação tá grave.
RENAN CALHEIROS - Grave
e vai complicar. Porque Andrade fazer [delação], Odebrecht, OAS. [falando a
outra pessoa, pede para ser feito um telefonema a um jornalista]
MACHADO - Todos
vão fazer.
RENAN - Todos
vão fazer.
MACHADO - E
essa é a preocupação. Porque é o seguinte, ela [Dilma] não se sustenta mais.
Ela tem três saídas. A mais simples seria ela pedir licença...
RENAN - Eu
tive essa conversa com ela.
MACHADO - Ela
continuar presidente, o Michel assumiria e garantiria ela e o Lula, fazia um
grande acordo. Ela tem três saídas: licença, renúncia ou impeachment. E vai ser
rápido. A mais segura para ela é pedir licença e continuar presidente. Se ela
continuar presidente, o Michel não é um sacana...
RENAN - A
melhor solução para ela é um acordo que a turma topa. Não com ela. A negociação
é botar, é fazer o parlamentarismo e fazer o plebiscito, se o Supremo permitir,
daqui a três anos. Aí prepara a eleição, mantém a eleição, presidente com
nova...
[atende
um telefonema com um jornalista]
RENAN - A
perspectiva é daquele nosso amigo.
MACHADO - Meu
amigo, então é isso, você tem trinta dias para resolver essa crise, não tem
mais do que isso. A economia não se sustenta mais, está explodindo...
RENAN - Queres
que eu faça uma avaliação verdadeira? Não acredito em 30 dias, não. Porque se a
Odebrecht fala e essa mulher do João Santana fala, que é o que está posto...
[apresenta
um secretário de governo de Alagoas]
MACHADO - O
Janot é um filho da puta da maior, da maior...
RENAN - O
Janot... [inaudível]
MACHADO - O
Janot tem certeza que eu sou o caixa de vocês. Então o que que ele quer fazer?
Ele não encontrou nada nem vai encontrar nada. Então ele quer me desvincular de
vocês, mediante Ricardo e mediante e mediante do Paulo Roberto, dos 500 [mil
reais], e me jogar para o Moro. E aí ele acha que o Moro, o Moro vai me mandar
prender, aí quebra a resistência e aí fudeu. Então a gente de precisa
[inaudível] presidente Sarney ter de encontro... Porque se me jogar lá embaixo,
eu estou fodido. E aí fica uma coisa... E isso não é análise, ele está
insinuando para pessoas que eu devo fazer [delação], aquela coisa toda... E
isso não dá, isso quebra tudo isso que está sendo feito.
RENAN - [inaudível]
MACHADO - Renan,
esse cara é mau, é mau, é mau. Agora, tem que administrar isso direito.
Inclusive eu estou aqui desde ontem... Tem que ter uma ideia de como vai ser.
Porque se esse vagabundo jogar lá embaixo, aí é uma merda. Queria ver se fazia
uma conversa, vocês, que alternativa teria, porque aí eu me fodo.
RENAN - Sarney.
MACHADO - Sarney,
fazer uma conversa particular. Com Romero, sei lá. E ver o que sai disso. Eu
estou aqui para esperar vocês para poder ver, agora, é um vagabundo. Ele não
tem nada contra você nem contra mim.
RENAN - Me
disse [inaudível] 'ó, se o Renan tiver feito alguma coisa, que não sei, mas
esse cara, porra, é um gênio. Porque nós não achamos nada.'
MACHADO - E
já procuraram tudo.
RENAN - Tudo.
MACHADO - E
não tem. Se tivesse alguma coisa contra você, já tinha jogado... E se tivesse
coisa contra mim [inaudível]. A pressão que ele quer usar, que está insinuando,
é que...
RENAN - Usou
todo mundo.
MACHADO -...está
dando prazos etc é que vai me apartar de vocês. Mesma coisa, já deu sinal com a
filha do Eduardo e a mulher... Aquele negócio da filha do Eduardo, a porra da
menina não tem nada, Renan, inclusive falsificaram o documento dela. Ela só é
usuária de um cartão de crédito. E esse é o caminho [inaudível] das delações.
Então precisa ser feito algo no Brasil para poder mudar jogo porque ninguém vai
aguentar. Delcídio vai dizer alguma coisa de você?
RENAN - Deus
me livre, Delcídio é o mais perigoso do mundo. O acordo [inaudível] era para
ele gravar a gente, eu acho, fazer aquele negócio que o J Hawilla fez.
MACHADO - Que
filho da puta, rapaz.
RENAN - É
um rebotalho de gente.
MACHADO - E
vocês trabalhando para poder salvar ele.
RENAN - [Mudando
de assunto] Bom, isso aí então tem que conversar com o Sarney, com o teu
advogado, que é muito bom. [inaudível] na delação.
MACHADO - Advogado
não resolve isso.
RENAN - Traçar
estratégia. [inaudível]
MACHADO - [inaudível]
quanto a isso aí só tem estratégia política, o que se pode fazer.
RENAN - [inaudível]
advogado, conversar, né, para agir judicialmente.
MACHADO - Como
é que você sugeriria, daqui eu vou passar na casa do presidente Sarney.
RENAN - [inaudível]
MACHADO - Onde?
RENAN - Lá,
ou na casa do Romero.
MACHADO - Na
casa do Romero. Tá certo. Que horas mais ou menos?
RENAN - Não,
a hora que você quiser eu vou estar por aqui, eu não vou sair não, eu vou só
mais tarde vou encontrar o Michel.
MACHADO - Michel,
como é que está, como é que está tua relação com o Michel?
RENAN - Michel,
eu disse pra ele, tem que sumir, rapaz. Nós estamos apoiando ele, porque não é
interessante brigar. Mas ele errou muito, negócio de Eduardo Cunha... O Jader
me reclamou aqui, ele foi lá na casa dele e ele estava lá o Eduardo Cunha. Aí o
Jader disse, 'porra, também é demais, né'.
MACHADO - Renan,
não sei se tu viu, um material que saiu na quinta ou sexta-feira, no UOL, um
jornalista aqui, dizendo que quinta-feira tinha viajado às pressas...
RENAN - É,
sacanagem.
MACHADO - Tu
viu?
RENAN - Vi.
MACHADO - E
que estava sendo montada operação no Nordeste com Polícia Federal, o caralho,
na quinta-feira.
RENAN - Eu
vi.
MACHADO - Então,
meu amigo, a gente tem que pensar como é que encontra uma saída para isso aí,
porque isso aí...
RENAN - Porque
não...
MACHADO - Renan,
só se fosse imbecil. Como é que tu vai sentar numa mesa para negociar e diz que
está ameaçado de preso, pô? Só quem não te conhece. É um imbecil.
RENAN - Tem
que ter um fato contra mim.
MACHADO - Mas
mesmo que tivesse, você não ia dizer, porra, não ia se fragilizar, não é
imbecil. Agora, a Globo passou de qualquer limite, Renan.
RENAN - Eu
marquei para segunda-feira uma conversa inicial com [inaudível] para marcar...
Ela me disse que a conversa dela com João Roberto [Marinho] foi desastrosa. Ele
disse para ela... Ela reclamou. Ele disse para ela que não tinha como influir.
Ela disse que tinha como influir, porque ele influiu em situações semelhantes,
o que é verdade. E ele disse que está acontecendo um efeito manada no Brasil
contra o governo.
MACHADO - Tá
mesmo. Ela acabou. E o Lula, como foi a conversa com o Lula?
RENAN - O
Lula está consciente, o Lula disse, acha que a qualquer momento pode ser preso.
Acho até que ele sabia desse pedido de prisão lá...
MACHADO - E
ele estava, está disposto a assumir o governo?
RENAN - Aí
eu defendi, me perguntou, me chamou num canto. Eu acho que essa hipótese, eu
disse a ele, tem que ser guardada, não pode falar nisso. Porque se houver um
quadro, que é pior que há, de radicalização institucional, e ela resolva ficar,
para guerra...
MACHADO - Ela
não tem força, Renan.
RENAN - Mas
aí, nesse caso, ela tem que se ancorar nele. Que é para ir para lá e montar um
governo. Esse aí é o parlamentarismo sem o Lula, é o branco, entendeu?
MACHADO - Mas,
Renan, com as informações que você tem, que a Odebrecht vai tacar tiro no peito
dela, não tem mais jeito.
RENAN - Tem
não, porque vai mostrar as contas. E a mulher é [inaudível].
MACHADO - Acabou,
não tem mais jeito. Então a melhor solução para ela, não sei quem podia dizer,
é renunciar ou pedir licença.
RENAN - Isso
[inaudível]. Ela avaliou esse cenário todo. Não deixei ela falar sobre a
renúncia. Primeiro cenário, a coisa da renúncia. Aí ela, aí quando ela foi
falar, eu disse, 'não fale não, pelo que conheço, a senhora prefere morrer'.
Coisa que é para deixar a pessoa... Aí vai: impeachment. 'Eu sinceramente acho
que vai ser traumático. O PT vai ser desaparelhado do poder'.
MACHADO - E
o PT, com esse negócio do Lula, a militância reacendeu.
RENAN - Reacendeu.
Aí tudo mundo, legalista... Que aí não entra só o petista, entra o legalista.
Ontem o Cassio falou.
MACHADO - É
o seguinte, o PSDB, eu tenho a informação, se convenceu de que eles é o próximo
da vez.
RENAN - [concordando]
Não, o Aécio disse isso lá. Que eu sou a esperança única que eles têm de alguém
para fazer o...
MACHADO - [Interrompendo]
O Cunha, o Cunha. O Supremo. Fazer um pacto de Caxias, vamos passar uma
borracha no Brasil e vamos daqui para a frente. Ninguém mexeu com isso. E esses
caras do...
RENAN - Antes
de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo
[inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira
coisa. Porque aí você regulamenta a delação e estabelece isso.
MACHADO - Acaba
com esse negócio da segunda instância, que está apavorando todo mundo.
RENAN - A
lei diz que não pode prender depois da segunda instância, e ele aí dá uma
decisão, interpreta isso e acaba isso.
MACHADO - Acaba
isso.
RENAN - E,
em segundo lugar, negocia a transição com eles [ministros do STF].
MACHADO - Com
eles, eles têm que estar juntos. E eles não negociam com ela.
RENAN - Não
negociam porque todos estão putos com ela. Ela me disse e é verdade mesmo,
nessa crise toda –estavam dizendo que ela estava abatida, ela não está abatida,
ela tem uma bravura pessoal que é uma coisa inacreditável, ela está gripada,
muito gripada– aí ela disse: 'Renan, eu recebi aqui o Lewandowski,
querendo conversar um pouco sobre uma saída para o Brasil, sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o Supremo como guardião da Constituição. O Lewandowski só veio falar de aumento, isso é uma coisa inacreditável'.
querendo conversar um pouco sobre uma saída para o Brasil, sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o Supremo como guardião da Constituição. O Lewandowski só veio falar de aumento, isso é uma coisa inacreditável'.
MACHADO - Eu
nunca vi um Supremo tão merda, e o novo Supremo, com essa mulher, vai ser pior
ainda. [...]
MACHADO - [...]
Como é que uma presidente não tem um plano B nem C? Ela baixou a guarda.
[inaudível]
RENAN - Estamos
perdendo a condição política. Todo mundo.
MACHADO - [inaudível]
com Aécio. Você está com a bola na mão. O Michel é o elemento número um dessa
solução, a meu ver. Com todos os defeitos que ele tem.
RENAN - Primeiro
eu disse a ele, 'Michel, você tem que ficar calado, não fala, não fala'.
MACHADO - [inaudível]
Negócio do partido.
RENAN - Foi,
foi [inaudível] brigar, né.
MACHADO - A
bola está no seu colo. Não tem um cara na República mais importante que você
hoje. Porque você tem trânsito com todo mundo. Essa tua conversa com o PSDB, tu
ganhou uma força que tu não tinha. Então [inaudível] para salvar o Brasil. E
esse negócio só salva se botar todo mundo. Porque deixar esse Moro do jeito que
ele está, disposto como ele está, com 18% de popularidade de pesquisa, vai dar
merda. Isso que você diz, se for ruptura, vai ter conflito social. Vai morrer
gente.
RENAN - Vai,
vai. E aí tem que botar o Lula. Porque é a intuição dele...
MACHADO - Aí
o Lula tem que assumir a Casa Civil e ser o primeiro ministro, esse é o
governo. Ela não tem mais condição, Renan, não tem condição de nada. Agora,
quem vai botar esse guizo nela?
RENAN - Não,
[com] ela eu converso, quem conversa com ela sou eu, rapaz.
MACHADO - Seguinte,
vou fazer o seguinte, vou passar no presidente, peço para ele marcar um horário
na casa do Romero.
RENAN - Ou
na casa dele. Na casa dele chega muita gente também.
MACHADO - É,
no Romero chega menos gente.
RENAN - Menos
gente.
MACHADO - Então
marco no Romero e encontra nós três. Pronto, acabou. [levanta-se e começam a se
despedir] Amigo, não perca essa bola, está no seu colo. Só tem você hoje.
[caminhando] Caiu no seu colo e você é um cara predestinado. Aqui não é dedução
não, é informação. Ele está querendo me seduzir, porra.
RENAN - Eu
sei, eu sei. Ele quem?
MACHADO - O
bicho daqui, o Janot.
RENAN - Mandando
recado?
MACHADO - Mandando
recado.
RENAN - Isso
é?
MACHADO - É...
Porra. É coisa que tem que conversar com muita habilidade para não chegar lá.
RENAN - É.
É.
MACHADO - Falando
em prazo... [se despedem]
Segunda
conversa:
MACHADO - [...]
A meu ver, a grande chance, Renan, que a gente tem, é correr com aquele
semi-parlamentarismo...
RENAN - Eu
também acho.
MACHADO -...paralelo,
não importa com o impeach... Com o impeachment de um lado e o
semi-parlamentarismo do outro.
RENAN - Até
se não dá em nada, dá no impeachment.
MACHADO - Dá
no impeachment.
RENAN - É
plano A e plano B.
MACHADO - Por
ser semi-parlamentarismo já gera para a sociedade essa expectativa [inaudível].
E no bojo do semi-parlamentarismo fazer uma ampla negociação para [inaudível].
RENAN - Mas
o que precisa fazer, só precisa tres três coisas: reforma política, naqueles
dois pontos, o fim da proibição...
MACHADO - [Interrompendo]
São cinco pontos:
[...]
RENAN - O
voto em lista é importante. [inaudível] Só pode fazer delação... Só pode solto,
não pode preso. Isso é uma maneira e toda a sociedade compreende que
isso é uma tortura.
MACHADO - Outra
coisa, essa cagada que os procuradores fizeram, o jogo virou um pouco em termos
de responsabilidade [...]. Qual a importância do PSDB... O PSDB teve uma
posição já mais racional. Agora, ela [Dilma] não tem mais solução, Renan, ela é
uma doença terminal e não tem capacidade de renunciar a nada. [inaudível]
[...]
MACHADO - Me
disseram que vai. Dentro da leniência botaram outras pessoas, executivos para
falar. Agora, meu trato com essas empresas, Renan, é com os donos. Quer dizer,
se botarem, vai dar uma merda geral, eu nunca falei com executivo.
RENAN - Não
vão botar, não. [inaudível] E da leniência, detalhar mais. A leniência não está
clara ainda, é uma das coisas que tem que entrar na...
MACHADO -...No
pacote.
RENAN - No
pacote.
MACHADO - E
tem que encontrar, Renan, como foi feito na Anistia, com os militares, um
processo que diz assim: 'Vamos passar o Brasil a limpo, daqui para frente é
assim, pra trás...' [bate palmas] Porque senão esse pessoal vão ficar
eternamente com uma espada na cabeça, não importa o governo, tudo é igual.
RENAN - [concordando]
Não, todo mundo quer apertar. É para me deixar prisioneiro trabalhando. Eu
estava reclamando aqui.
MACHADO - Todos
os dias.
RENAN - Toda
hora, eu não consigo mais cuidar de nada.
[...]
MACHADO - E
tá todo mundo sentindo um aperto nos ombros. Está todo mundo sentindo um aperto
nos ombros.
RENAN - E
tudo com medo.
MACHADO - Renan,
não sobra ninguém, Renan!
RENAN - Aécio
está com medo. [me procurou] 'Renan, queria que você visse para mim esse
negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa.'
MACHADO - Renan,
eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan.
[...]
MACHADO - Não
dá pra ficar como está, precisa encontrar uma solução, porque se não vai todo
mundo... Moeda de troca é preservar o governo [inaudível].
RENAN - [inaudível]
sexta-feira. Conversa muito ruim, a conversa com a menina da Folha... Otavinho
[a conversa] foi muito melhor. Otavinho reconheceu que tem exageros, eles
próprios tem cometido exageros e o João [provável referência a João Roberto
Marinho] com aquela conversa de sempre, que não manda. [...] Ela [Dilma] disse
a ele 'João, vocês tratam diferentemente de casos iguais. Nós temos vários indicativos'.
E ele dizendo 'isso virou uma manada, uma manada, está todo mundo contra o
governo.'
MACHADO - Efeito
manada.
RENAN - Efeito
manada. Quer dizer, uma maneira sutil de dizer "acabou"