As discussões da PEC sobre a redução da idade penal que tramita na
Câmara dos Deputados foi aprovada pela Comissão de Constituição e
Justiça daquela Casa Legislativa. Não significa que sua aprovação
se dê no colegiado, além do que o Projeto ainda vai ao para a
apreciação como casa revisora, uma vez a proposta ter partido da
Câmara.
A criminalização do menor infrator não pode ser considerada como a
solução do crime infantojuvenil, isto porque o menor de dezesseis
anos pode praticar os mesmos delitos, e aí como se dará o
enquadramento desse infrator ? Por outro lado, a tão propalada
redução da idade penal não surtirá efeitos práticos, e soa
apenas como populismo dos legisladores que infestam o parlamento
brasileiro, ávidos pelos holofotes da imprensa marrom onde encontram
espaço para os discursos demagógicos eles se refestelam com
teorias, e sabem que na prática não terá efeito algum.
Endurecer a pena para o menor infrator poderia ter resultados
positivos sim, mas isto se o Estado tivesse capacidade judicial e
prisional para atender as demandas ligadas diretamente à justiça
criminal, as varas criminais de todos os estados da federação
acumulam pilhas de processos sem seguimento, a ponto de haver presos
que nunca foram julgados.
Muitas prisões temporárias já extrapolaram seus prazos mantendo os
acusados ilegalmente detidos. Outra questão é a superlotação dos
presídios brasileiros, hoje essa deficiência gira em torno de
trezentas mil vagas em todo o país. Com a criminalização do menor
de dezesseis anos, há a necessidade de julgamento, e se houver a
condenação é necessário que o Estado recolha o indivíduo à
prisão, mas onde colocar estes condenados? Esta é a pergunta sem
resposta.
A INCAPACIDADE DO ESTADO
Caso o Estado brasileiro dispusesse de seriedade para punir todo
criminoso que andam à solta por aí a redução da maior idade penal
seria apenas um detalhe, e não o foco das discussões, isto porque
haveria a certeza de que todos responderiam por seus atos criminosos
praticados contra a sociedade.
Portanto, essa balela de redução não passa de discursos populistas
de uma classe desacreditada, que se entrincheira na tribuna dos
parlamentos e ensaiam poses de cidadãos corretos, mesmo ocultos no
corporativismo e nas asas da imunidade parlamentar.
Assim sendo a redução da idade penal passa a ter valor
insignificante diante do comportamento de quem deveria dar exemplo
prático de moralidade, neste caso não basta somente reduzir a idade
penal é preciso que outros mecanismos de punição sejam criados e
aplicados, aí sim essa proposta não passaria de ensaio moralista.
Geraldo Gama.