TIJOLAÇO: JUCÁ REVELA O
ACORDO DO GOLPE
"As gravações do diálogo entre o
homem forte de Michel Temer, o ministro do Planejamento Romero Jucá, e o
ex-ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, são muito mais graves que a
feita com o ex-senador Delcídio do Amaral e deveria, se o Supremo Tribunal
Federal tivesse ainda um pingo de pudor, levar não só à prisão de Jucá, mas à
anulação de todos os atos praticados sob o comando do PMDB para afastar Dilma
Rousseff", afirma Fernando Brito, do Tijolaço
23 DE maio
DE 2016 ÀS 08:41
Por Fernando Brito, do
Tijolaço
As gravações do diálogo entre o homem
forte de Michel Temer, o ministro do Planejamento Romero Jucá, e o
ex-ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, são muito mais graves que a
feita com o ex-senador Delcídio do Amaral e deveria, se o Supremo Tribunal Federal
tivesse ainda um pingo de pudor, levar não só à prisão de Jucá, mas à anulação
de todos os atos praticados sob o comando do PMDB para afastar Dilma Rousseff.
“Tem que resolver
essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria”, diz Jucá, um
dos articuladores do impeachment de Dilma. Machado respondeu que era necessária
“uma coisa política e rápida”.
No texto, revelado pela Folha,
“essa porra” são as investigações sobre Machado, um dos operadores do PMDB
dentro do complexo Petrobras, afastado por Dilma,
Mas não para aí:
“Jucá acrescentou
que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional “com o
Supremo, com tudo”. Machado disse: “aí parava tudo”. “É. Delimitava onde está,
pronto”, respondeu Jucá, a respeito das investigações.
O senador relatou
ainda que havia mantido conversas com “ministros do Supremo”, os quais não
nominou. Na versão de Jucá ao aliado, eles teriam relacionado a saída de Dilma
ao fim das pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das
investigações da Lava Jato. ”
JUCÁ – [em voz
baixa] conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem ‘ó, só
tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a
imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’. Entendeu?
Então… Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo
tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o
quê, para não perturbar.
Como é, senhores ministros do
Supremo? Quer dizer que o esquema golpista já havia “mantido conversas” com os
senhores? Não foi exatamente isso que fez os senhores correrem a prender
Delcídio do Amaral, numa gravação igualzinha?
Pior, aliás, porque ali se tratava de
livrar uma pessoa e, agora, trata-se de uma conversa para dar um golpe de
Estado.
Vão fazer cara de paisagem ou aplicar
rigor igual para Jucá?
Pior, porque agora, se as gravações
foram obtidas de maneira legal, desde março a PGR tem conhecimento pleno da
conspiração.
Que, deixa claro o que diz Jucá,
envolveu também os tucanos:
MACHADO – A
situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que
aquele documento que foi dado…
JUCÁ – Acabar
com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não
tem a ver com…
MACHADO
– Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.
JUCÁ – Caiu.
Todos eles. Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio
[Neves, senador].
MACHADO – Caiu
a ficha. Tasso [Jereissati] também caiu?
JUCÁ – Também.
Todo mundo na bandeja para ser comido.
Machado, que era do PSDB antes de
aderir ao PMDB e entrar na cota do partido dentro do Governo Lula, devasta
também Aécio Neves, relata a Folha:
Sérgio Machado, que foi do PSDB antes
de se filiar ao PMDB, afirma que “o primeiro a ser comido vai ser o Aécio
[Neves (PSDB-MG) ”, e acrescenta: “O Aécio não tem condição, a gente sabe
disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que
participei de campanha do PSDB…”.
“É, a gente viveu
tudo”, completa Jucá, sem avançar nos detalhes.
Machado tenta
refrescar a memória de Jucá: “O que que a gente fez junto, Romero, naquela
eleição, para eleger os deputados, para ele [Aécio] ser presidente da Câmara? ”
Não houve resposta de Jucá. Aécio presidiu a Câmara dos Deputados entre 2001 e
2002.
Tem mais, muito mais e daqui a pouco
eu volto para comentar.
Inclusive se esta manhã vai terminar
com alguém preso, como foi com Delcídio.