quinta-feira, 21 de agosto de 2014

1 DE AGOSTO, 2014 - 13H07 - POLÍTICA

Secretário-geral do PSB deixa campanha e gera crise

Carlos Siqueira diz que a candidata deve escolher alguém de sua confiança
Por: O Globo
Brasília e Rio - Um dia depois de lançar Marina Silva como candidata à Presidência no lugar de Eduardo Campos, morto tragicamente na semana passada, o PSB teve seu primeiro problema com a nova configuração da nova chapa, que tem o deputado socialista Beto Albuquerque como vice de Marina. O coordenador geral da campanha, Carlos Siqueira, resolveu deixar o posto por divergências com a Rede, de Marina. A saída teria sido provocada pela nomeação de Walter Feldman (PSB), aliado de Marina na Rede, como coordenador adjunto da campanha.
Carlos Siqueira, militante histórico do PSB e secretário-geral do partido, chegou no fim da manhã desta quinta-feira à sede do PSB e explicou sua decisão de abandonar a campanha de Marina. Segundo ele, com a morte de Eduardo, a nova candidata deve escolher alguém de sua confiança.
'Eu estava na coordenação de uma pessoa do meu partido em quem eu tinha extrema confiança. Agora acabou essa fase. Vai continuar a campanha com uma nova candidata e ela deve escolher seu novo coordenador', resumiu Siqueira.
Walter Feldman, que foi indicado por Marina para ser adjunto de Siqueira na coordenação da campanha, disse que o socialista se sentiu sem prestígio porque esperava que Marina o indicasse como coordenador. E Marina entendeu que seria interferência indevida de sua parte fazer a indicação, já que para ela essa função deveria ser do PSB.
'Ele esperava ser indicado pela Marina. Nós queríamos que ele fosse indicado pelo partido. Isso é o correto. Nós demos todos os indicativos de que queríamos que fosse ele. Desde ontem o estamos procurando. Nós queremos muito ele. Mas nós vamos esperar', disse Feldman, ainda esperançoso de conseguir reverter a decisão de Siqueira.
Segundo participantes da reunião de ontem, na qual Siqueira anunciou sua decisão, Marina tentou fazer com que ele ficasse na coordenação, mas não conseguiu.
Bazileu Margarido, coordenador do comitê financeiro da campanha e pessoa de extrema confiança de Marina, afirma que Siqueira não entendeu o gesto da ex-senadora ao exigir a entrada de Walter Feldman como adjunto, e se sentiu desprestigiado, quando na verdade a ideia da candidata era justamente apoiar Siqueira como coordenador.
'Ele entendeu errado o gesto de Marina. A indicação de Walter Feldman como adjunto era uma forma de chancelar Siqueira como coordenador', disse Bazileu, admitindo não acreditar que a decisão do socialista seja reversível.
Um senador ligado a Siqueira tentou minimizar o episódio, dizendo que ele era muito ligado a Eduardo Campos e que agora, como mudou a chapa, é natural que haja substituição no mais alto posto da campanha para que alguém mais ligado à nova candidata assuma o lugar.
Segundo o senador, a decisão foi anunciada por Siqueira ainda ontem durante a reunião. A cúpula do partido ainda tentou demovê-lo, mas ele não cedeu.
Nanicos se dizem surpresos
Presidentes de partidos que integram a coligação do PSB, ainda não haviam sido informados oficialmente da saída de Siqueira quando contatados pelo GLOBO, no fim da manhã desta quinta-feira. O deputado federal Roberto Freire, presidente nacional do PPS, afirmou ter sido "surpreendido" pela notícia, mas que, apesar da possibilidade de "discordar da decisão e lamentar", vão manter o apoio à candidatura de Marina.
'Difícil dizer. O PPS o tem (Siqueira) em alta conta, muito alta conta. Não sei o que aconteceu, mas ele tem sempre nosso respeito, vamos procurar entender o que foi. Você pode até discordar, lamentar, mas isso não é motivo para que você deixe de apoiar uma alternativa ao governo que aí está que viabilize um segundo turno e dê chance de derrotar o PT. Esse é o objetivo maior.
Já Eduardo Machado, presidente nacional do PHS, afirmou que a legenda segue na chapa do PSB mesmo após a decisão de Siqueira. Ele voltou a afirmar que o PSB errou ao não consultar a sigla sobre a candidatura de Marina e Beto Albuquerque.
'Vamos seguir na chapa mesmo com a saída. Isso independe. Até porque eu acredito que o PSB errou muito com a gente, não vou esconder isso, mas a causa maior é com o Brasil'.
Ovasco Resende, presidente nacional do PRP, se disse surpreso com a notícia da saída de Carlos Siqueira.
'Vai ser uma coisa muito chata, é uma pessoa que estava muito ligada ao Eduardo. Eu falei com o Carlos Siqueira ontem e ele disse que estava tudo certo, tudo tranquilo. Vínhamos nos falando', afirmou Ovasco, que declarou que existem pessoas do PSB que podem substituir Siqueira, mas que ainda é preciso ouvir o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral.
Miguel Manso, secretário de Organização do PPL, contou ter conversado com integrantes da Rede Sustentabilidade ontem, mas não soube de nenhum mal entendido e que o que ficou acertado é que Walter Feldman (PSB) dividiria a coordenação com Siqueira para que houvesse um "equilíbrio de forças".
Nesta quinta-feira, o presidente do Partido Social Liberal Nacional (PSL) afirmou ao GLOBO que a legenda vai deixar a coligação. Luciano Brivar disse que a sigla está “desconfortável” com Marina, que o político afirma estar “assoberbada”, encabeçando a chapa.
'A gente não foi ouvido em nada. Temos conhecimento dessa coisa toda, mas a gente está muito desconfortável', declarou.

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