Aécio diz que Marina é 'onda' que passa em 20
dias; tucanos atacam ex-ministra
Sucessão presidencial. Enquanto senador
minimizava desempenho da candidata do PSB, vice-presidente nacional do PSDB e
coordenador da campanha em São Paulo publicava artigo no qual chamava um
eventual governo da adversária de uma 'aventura'
O candidato do PSDB à
Presidência da República, Aécio Neves, comparou o bom desempenho da adversária
Marina Silva, do PSB, em pesquisas eleitorais a uma "onda" e disse
acreditar que voltará ao segundo lugar isolado "dentro de 15 ou 20
dias." Marina assumiu a candidatura no lugar de Eduardo Campos, que morreu
em um acidente aéreo no dia 13 de agosto.
Segundo a mais recente
pesquisa Datafolha, Marina está empatada tecnicamente com Aécio na segunda
colocação. A presidente Dilma Rousseff lidera a corrida ao Planalto. Hoje, o Ibope
divulga um novo levantamento.
Enquanto Aécio
minimizava o desempenho da adversária, políticos de expressão do PSDB atacavam
diretamente a figura de Marina. Vice na chapa de Aécio, o tucano Aloysio Nunes
Ferreira disse que a candidata do PSB é "uma incógnita", um
"estado de espírito". Já os tucanos, disse Aloysio, não são "de
improviso". "Sou contra qualquer tipo de messianismo, o partidário de
Dilma Rousseff e o pessoal de Marina Silva", afirmou o candidato a vice.
Já o ex-governador, um
dos vice-presidentes do PSDB e coordenador da campanha de Aécio em São Paulo,
Alberto Goldman, publicou um artigo em que questiona a governabilidade de um
eventual mandato de Marina. O texto, intitulado "Marina candidata. Uma
aventura", foi publicado pelo Instituto Teotônio Vilela, órgão de estudos
e formação política dos tucanos.
Com o crescimento da
candidata pelo PSB nas pesquisas de intenção de voto, tucanos e petistas
começaram a adotar uma estratégia de que a ex-ministra não tem experiência
administrativa para comandar o País pelos próximos quatro anos. Questionam
também a suposta dificuldade dela em dialogar com os demais poderes da
República.
Caminhada. Aécio fez
ontem uma caminhada na Saara, área de comércio popular do centro do Rio, e deu
entrevista à rádio local. Ele tem evitado atacar Marina, mas insiste em
destacar a experiência acumulada como governador de Minas Gerais e parlamentar.
"A política e as pesquisas são como o mar, as ondas vêm. Ninguém no
governo achava, no início do ano, que haveria 2.º turno. Depois veio a
candidatura de Eduardo Campos, que seria avassaladora, o que acabou não
acontecendo. Depois veio nosso avanço, consolidando o 2.º turno. Agora vem o
episódio Marina. O essencial é que nossa candidatura continua a representar o
mesmo que representava antes do acidente. Temos as melhores condições de fazer
o Brasil crescer. Ninguém tem os quadros que temos no nosso entorno",
afirmou Aécio. O tucano disse também que houve "uma reviravolta no quadro
eleitoral circunstancialmente, uma modificação momentânea".
Aécio brincou ao
comentar declaração do economista Eduardo Giannetti, colaborador de Marina,
segundo a qual um eventual governo do PSB poderá contar com os ex-presidentes
Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
"Não sei se é um bom
começo para quem deve apresentar propostas e mostrar com quem vai viabilizar
essas propostas. Fico honrado de ver referências positivas aos nossos quadros,
mas o que vai prevalecer é o software original e quem vai governar é o PSDB com
seus aliados. O núcleo que tem propostas a apresentar ao Brasil está do nosso
lado", afirmou o tucano, que prometeu, sem detalhar, medidas para
estimular as micro e pequenas empresas, tanto na área tributária quanto na
redução do burocracia (mais informações sobre as promessas de Aécio na pág.
A6).
Agenda fluminense. A
visita à Saara foi a terceira atividade de campanha de Aécio no Rio em quatro
dias. Os eleitores fluminenses deram a Marina Silva 31% dos votos no primeiro
turno de 2010, quando a então candidata do PV a presidente ficou à frente do
tucano José Serra.
Esperançosos de que as
intenções de voto em Marina nas primeiras pesquisas sejam resultado da comoção
causada pela morte de Eduardo Campos, aliados de Aécio no Rio disseram ontem
que terão "duas ou três semanas de sofrimento, mas depois tudo se
ajeita".
A caminhada de pouco
mais de uma hora causou grande tumulto no coração do comércio popular do
centro. A presença de pelo menos dez candidatos a deputado, com cabos
eleitorais e equipes de propaganda de TV, fez com que Aécio mal conseguisse se
movimentar no início da atividade. Aos poucos, o tucano se aproximou dos
eleitores. Foi bem recebido por alguns, mas a comitiva também foi hostilizada
por outros, que se recusaram a receber os panfletos.
Correria. Aécio começou o
corpo a corpo em um ponto diferente do que havia sido anunciado, o que provocou
uma correria de candidatos que ainda aguardavam o tucano enquanto ele já estava
na rua, acompanhado do presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, e seus dois
filhos, Rafael, deputado estadual, e Leonardo, federal, ambos candidatos à
reeleição.
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